rio, eu me chamo mar.


MillASMR
Published 2 years ago

Vídeo e texto de minha autoria.

Resgato no tempo passagens efêmeras
intervalos distantes
raízes longas
a areia salgada que nos toca, percorre hoje um corpo tortuoso
nasce Coqueiro, transforma-se Jerivá
das conchas surgem pedras
do angico faço tinta
e me pinto nessa lacuna invisível.


Toda passagem é efêmera, todo espaço torna-se impermanente quando ocupamos um
lugar na terra. Resgato essas passagens através de memórias distantes e longas raízes
ancestrais de mulheres que deram lugar a outras mulheres.
Essa areia salgada vem da praia onde vivi e cresci. Hoje, a areia que me toca é a areia de um
rio do cerrado, terra e galhos tortuosos, integro meu corpo nesse espaço.
Do coqueiro no litoral, agora me transformo Jerivá, coqueiro do Cerrado.
Das conchas do mar, sou pedra no Rio.
Angico, barbatimão, aroeira e jurema. Faço pigmentos, extraio a tinta, pinto como uma
extensão do meu corpo na matéria que toco. Pinto a imagem invisível que existe no espaço visível.

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